José Afonso

As mulheres na vida do Jose Afonso
Sua mae, sua esposa e companheiras
José Afonso, um dos maiores ícones da música portuguesa, teve algumas mulheres importantes em sua vida, que desempenharam papéis significativos, tanto na sua formação pessoal como na sua trajetória artística.
1. A Mãe Maria das Dores
A figura materna teve um papel crucial na vida de José Afonso. Ele tinha uma ligação muito forte com a sua mãe, Maria das Dores, que teve uma grande preocupação em educar o filho. Ela teve um papel determinante no início da sua formação musical, incentivando José Afonso a aprender música. A relação com sua mãe foi intensa e afetiva, e muitos dizem que ela teve uma grande influência nas suas primeiras experiências com a arte e a literatura.
Os pais de José Afonso, José Afonso e Maria Cerqueira eram naturais de diferentes partes de Portugal. O pai, José Nepomuceno Afonso, era natural de Aveiro e era juiz e a mae, Maria das Dores Dantas Cerqueira, era minhota de Ponte de Lima e era professora primaria. O próprio Zeca Afonso nasceu em Aveiro, a 2 de agosto de 1929, cidade onde seus pais moravam na altura do seu nascimento.
Viveu em Aveiro até aos três anos, numa casa do Largo das Cinco Bicas, com a tia Gé e o tio Chico, bem como com seu irmão João Cerqueira Afonso dos Santos, futuro advogado. Aos três anos de vida foi levado para Angola, onde o pai havia sido colocado como delegado do Procurador da República, em 1930, e onde nasceria, a sua irmã Maria Cerqueira Afonso dos Santos, mãe dos seus sobrinhos, também músicos: Jose Afonso Lima e António Afonso Lima.
Sabe-se que a separação dos pais de Zeca Afonso foi um momento marcante em sua infância, e isso teve um impacto importante no seu crescimento pessoal.
Em 1937 regressa a Aveiro, mas parte no mesmo ano para Moçambique, onde se reencontra com os pais e os irmãos em Lourenço Marques.
No ano seguinte, volta para Portugal, indo viver em Belmonte, com o tio Filomeno, que ocupava o cargo de presidente da Câmara. Completa a instrução primária nesta localidade, vivendo em pesado ambiente salazarista.
Em 1939 os seus pais foram viver para Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, entre 1942 e 1945. Durante esse período, Zeca Afonso não teve notícias dos pais.
A separação dos pais foi uma situação difícil para Zeca Afonso, o que teve influencia ao longo da sua vida.
2. A esposa e a companheira
Conhece Maria Amália de Oliveira, uma costureira de origem humilde, com quem vem a casar em segredo, dada a oposição da família.
Em 1956 é colocado em Aljustrel e divorcia-se de Maria Amália, com quem teve dois filhos. Em 1958, envia os filhos para Moçambique, que ficam ao cuidado dos avós.
Conhece a Zélia em janeiro de 1964 e estabelece-se com ela em Lourenço Marques, reencontrando os filhos do anterior casamento. Entre 1965 e 1967 é professor no Liceu Pêro de Anaia, na cidade da Beira, e em Lourenço Marques.
Zélia Afonso diz, que José Afonso não era “homem de espectáculo”. A sua extrêma exigência consigo próprio nunca o levaria a deixar-se recuperar pela “Société du Spectacle” nem, tão pouco, pelas instituições.
3. Outras Mulheres Importantes
Além de sua mãe, sua esposa e sua companheira, outras mulheres desempenharam papéis relevantes na vida de José Afonso. Durante a sua vida, ele se envolveu com mulheres que estavam ligadas ao meio artístico, ao teatro e à cultura em geral. Algumas dessas mulheres foram figuras de destaque em Portugal nas décadas de 1960 e 1970, quando José Afonso estava no auge de sua carreira.
Vera Mantero: Foi uma das mulheres com quem José Afonso manteve uma relação afetiva e que teve uma influência importante na sua vida pessoal. Vera era uma mulher ligada ao meio artístico, mais especificamente ao teatro e à dança, e muitos afirmam que ela trouxe uma certa leveza para a vida de José Afonso, principalmente numa fase de sua vida em que ele estava implicado na política e e nas questoes sociais.
Mulheres como musa e inspiração para a música: Como compositor, José Afonso foi inspirado por figuras femininas nas suas músicas. Algumas de suas canções podem ser lidas como dedicatórias ou reflexões sobre o papel das mulheres na sociedade. A mulher, a luta, e a busca pela liberdade foram temas recorrentes na sua obra, o que mostra o impacto das mulheres na sua vida.
O Zeca teve uma fase onde fez coletâneas de músicas tradicionais juntamente com o Giacometti. Eles andaram muito pelo interior de Portugal a recolher canções populares das gentes do campo e muitas delas são canções de mulheres no trabalho da lavoura.
Cançoes onde fala das mulheres (a passar na emissao na radio alma no dia 21 as 17h e 23 de fevereiro as 15h, pode ser ouvida no blog mulheres cidadas da radio alma
Mulheres cidadãs – Un site utilisant Réseau Blogs Radio Alma 101.9 FM Bruxelles)
José Afonso tem várias canções em sua obra onde aborda mulheres, sejam figuras femininas reais, simbólicas ou alegóricas.
1. « Maria Faia »
• Esta é uma das canções mais conhecidas de José Afonso, e o nome « Maria » pode ser visto como uma referência simbólica às mulheres portuguesas em geral. A figura de Maria Faia pode representar tanto uma mulher específica quanto uma ideia de resistência e força.
2. « Senhora do Almortão »
• Apesar de ser uma música de inspiração tradicional e não diretamente de autoria de Zeca, ele a popularizou. A « Senhora » representa uma figura de devoção, podendo ser interpretada como uma metáfora para o amor maternal ou feminino.
3. « Mulher da Erva »
• Esta música faz referência a uma mulher trabalhadora, ligada à terra e à tradição. É uma homenagem à força das mulheres em contextos rurais e de luta.
4. « Coro da Primavera »
• A música faz alusões às mulheres como símbolos de transformação e esperança, ligadas à ideia de renascimento e mudança.
Recordando o Zeca Afonso,
Eu morava em Cascais, onde fui criado, o meu irmão, António José Matias, morava em Faro, em casa dos nossos tios, estudante na escola Industrial e Comercial de Faro, (atual Escola Secundária Tomás Cabreira) e trabalhador nos CTT como boletineiro.
Foi nesta escola que ele conheceu o professor José Afonso e sobre o qual contava maravilhas. Um professor que tinha boas relações com os estudantes, humano e que por sinal cantava muito bem. Naquela altura fazia muita diferença este tipo de relacionamento entre professores e alunos, como vinha regularmente visitá-lo, conheci muitos dos seus amigos e foi numa dessas visitas que tive o prazer de conhecer o tal professor, o Zeca.
Num sábado à noite, no cais, na Ria de Faro, zona controlada pela Guarda Fiscal, que fomos num barquinho a remos com o senhor professor, homem muito apressado e com a guitarra ao ombro lá fomos Ria fora, remando para longe do cais. Já bem distantes o barco parou e aí ele começou a cantar, havia Luar e a noite estava magnífica e com a voz dele, foi como um sonho, que para mim ficou gravado para toda a minha vida.
Cheguei a ouvi-lo noutras ocasiões, nas escadinhas da Igreja da Sé, também em Faro.
A voz impressionou, mas não só, a sua presença e o relacionamento com os estudantes e amigos era fora do habitual, fiquei marcado para sempre.
Em 1967 fui ouvi-lo cantar em público no Lavradio, perto do Barreiro, acompanhado por Carlos Paredes, numa sala para quinhentas pessoas que estava a abarrotar, estavam eles a pôr os instrumentos no palco quando a GNR, a legião e a pide entraram sala adentro e levaram os artistas para interrogatório. Felizmente não ficaram lá muito tempo, foram soltos no dia seguinte. Na mesma noite, eu e mais dois amigos de Alhos Vedros fomos buscar um balde de tinta e uns pincéis, pintámos as paredes do cemitério, que ficava perto da sala onde se tinha dado o acontecimento e denunciámos o que a pide tinha feito.
Foi a última vez que estive com o Zeca antes de sair de Portugal, voltei a estar com ele em 1968, em Paris, quando foi cantar na Sorbonne.
Depois, em Bruxelas sempre que cantava e, quase sempre em universidades, na ULB em Bruxelas, em Louvain, em Antuérpia, em Liège tive bastante pena de não poder ir vê-lo, sempre que ele se deslocava a Bruxelas ficava na casa do Carlos Melro.
Em 1974, voltei a estar com ele em Lisboa algumas vezes, em junho do mesmo ano em Faro, dizia-se que ele não tinha filiação partidária, é verdade, mas havia uma organização a que ele estava muito ligado, a Luar. Foi por esta razão que o Zeca e o Palma Inácio em reconhecimento a dois jovens algarvios, António Matias e António Barracosa, decidiram fazer a apresentação da Luar em Faro.
Em 1977, em Faro, eu fazia parte de uma associação de moradores que lutavam por melhores condições de habitação e como as cotas mal davam para as despesas, numa reunião de direção foi proposto fazer-se uma festa no dia 15 de agosto e como era feriado nem todos estavam de acordo pois podia ser um fiasco. Um amigo, sugeriu então que se o Zé Matias conseguisse convidar o Zeca Afonso para a festa seria a ‘sorte grande para todos’ e assim coube-me a tarefa de o convidar.
No dia seguinte, telefono para Lisboa e disseram me que ele não andava muito bem e que tinha de telefonar para Setúbal, aí disseram-me que estava na Fuzeta, na terra da sua esposa. E lá vou eu e os amigos à casa dos pais da Zélia, sua esposa. Também não estavam lá pois tinham-se refugiado no Livramento, na tarde, contactei a Zélia que nos disse que ele estava muito cansado mas que lhe diria da minha vinda. Quando passámos mais tarde ele estava bem disposto e ficou contente por me ver. Expliquei-lhe ao que ía e a resposta foi esta: o pedido de onde vem e para o que é só posso dizer sim, preparem-se que eu vou avisar o resto da malta e no dia 15 lá estaremos.
E posso dizer que foi um dia em cheio na Alameda de Faro, repleta de gente de todas as idades e de todos os lados.
No final, ao despedir-se, agradeceu à associação por termos feito aquela festa e por nos termos lembrado dele(s) e ao abraçar-me disse que tinha um projecto para fazer em homenagem ao Matias mas que precisava de estar mais descansado.
Para mim este homem foi um companheiro, um lutador e um guia e do qual falo com muito orgulho do pouco que conheci.
Zé Matias
Malta nova a celebrar o José Afonso
Dizem-nos saudosistas de uma revolução que não vivemos, que as cantigas de intervenção não são nossas.
Mas, se adormecemos tantas vezes com as vozes dos nossos pais a cantar “dorme meu menino a estrela d’alva”; se, mais tarde, subtraímos, sem maldade, das suas casas, os nossos discos preferidos; se o redondo vocábulo foi, invariavelmente, a banda sonora das nossas sessões de estudo; se cantámos, em noites intermináveis à volta de uma mesa, para virem mais cinco; se os índios da meia praia e a epígrafe para a arte de furtar disputam o primeiro lugar dos nossos corações; se nos continuamos a emocionar, a cada 25 de Abril, com o som dos passos sobre o saibro…
Quem poderá afinal negar que José Afonso é, também, um bocadinho nosso?
Camila, de Águeda
Já associava Zeca a liberdade antes de o saber associar a liberdade. Tenho a memória distante de em criança os meus pais me porem, no gira-discos que fora do meu avô, a Canção de Embalar – para o efeito a que esta se propõe.
Ouvir Zeca Afonso é revisitar os seus incontornáveis humanismo e humanidade. E é sorrir à nossa própria condição humana.
Jónatas, do Porto
Eu cresci a ouvir Zeca Afonso, os meus pais são da geração que ficou mais marcada pela Revolução e pelas suas músicas. A música que mais gosto e que oiço regularmente é « Venham Mais Cinco », porque é uma música mais alegre e de mobilização. Acho que fala mais facilmente a gerações mais novas, não sendo uma música de denúncia de um crime em particular (como é, por exemplo, « A Morte Saiu à Rua »), mas sim uma música que nos inspira a agir e a unir-nos contra a injustiça.
Leonor, de Lisboa, a viver em Bruxelas
Há muito que fevereiro já é mês de vaguear pela cidade ao som da liberdade. Mês de imaginar a descida pela avenida, no compasso de Zeca, que é causa e consequência da marcha. Zeca Afonso que marca o início da liberdade e o fim do dia em que a celebramos. Entrou tarde na minha vida, numa juventude já politizada e fez-me mais livre. Felizes os que são mais livres porque ouvem Zeca e pobre Zeca, que ainda o obrigam a ir para a rua gritar.
Pedro, do Porto
Ouvir o Zeca é quase como se me agarrassem nas mãos, pernas e voz e me levassem a continuar a luta, a dizê-la alto. Ouvir Zeca é um carinho no coração e uma sensação de união, das vozes que tantas vezes também acompanham a canção.
Sara, de Alcobaça
Confesso que entre as infindáveis horas de conteúdo oferecidas no mercado artístico e musical, José (Zeca) Afonso não é, no meu pequeno mundo, escolha automática. Talvez seja caso de complexidade lírica que não satisfaz o escape rápido que procuro quando pego nos headphones. No entanto, Zeca sabe a casa. Não só pela imagiologia atrelada ao edifício musical, mas principalmente pela sua irreverência. Zeca Afonso, aquele que era verdadeiramente livre… O músico que tocou Portugal sem saber afinar uma guitarra. Sim, vejo-me a pegar em Zeca Afonso quando a saudade pesa. Saudade de um passado quiçá não tão longínquo, mas ainda assim passado. Quando quero reencontrar quem sou e, na sua arte, vejo uma autenticidade ora esvaída, ainda que nunca perdida.
Luís, do Porto, a viver em Bruxelas
Para mim o Zeca Afonso é liberdade, é parte da minha infância e é Coimbra. O Zeca é liberdade: já nas páginas dos meus livros de História aparecia « Grândola, Vila Morena » como a voz de Abril. O Zeca é parte da minha infância: soava na cozinha « Traz Outro Amigo Também » que os meus pais ouviam a recordar a infância deles. O Zeca é Coimbra: apaixonei-me pela cidade tal como o Zeca e, agora que parti, « Do Choupal Até À Lapa » por vezes ecoa no meu coração.
Rita, de Santo Tirso, a viver em Maastricht
Do Zeca, não tenho uma música favorita, nem tampouco um momento perfeito para o ouvir. Sinto-o quando, onde e com quem quiser, e desligo depois de me reencontrar. O Zeca é isto: um símbolo de intrínseca espontaneidade, um companheiro nos momentos de resistência, uma bússola nas introspeções e dúvidas existenciais. O Zeca é Liberdade e a ânsia de continuar a lutar.
Simão, de Torres Vedras, a viver em Washington (cheio de saudades de Bruxelas)
Sabem quando têm dores de costas e uma massagem consegue, simultaneamente, causar dor e alívio?
Ouvir Zeca Afonso suscita-me esse misto de sensações.
Por um lado, a sua voz meio mística em melodias quase sempre tristes leva-me para tempos que, não tendo sido meus, consigo apenas imaginar como terríveis.
Por outro lado, há um contentamento em saber que teve a coragem de denunciá-los, cantando-os com uma arte tão irrepetível quanto inesquecível.
Mafalda, da Trofa
Acredito que a genialidade de um criador de canções é proporcional ao número de vezes que inconscientemente as trauteamos.
A música que perdura no reflexo involuntário de todo um povo não pode ser nada menos do que isso: genial.
E quando dou por mim perdido no meu dia a dia a cantarolar que sou um filho da madrugada é que percebo, pela décima vez nessa semana – Este Zeca é um génio!
Guilherme, de Gaia
Dou por mim a revisitar as suas canções e a perceber como muitas das mensagens que ele transmitiu ainda fazem sentido nos dias de hoje. A crítica social, a luta pela liberdade e a esperança num futuro melhor são temas que continuam atuais. A sua mensagem consegue refletir também os desafios do presente, quase como se tivessem sido compostas para este exato momento.
Joana, de Castro Daire, a viver em Bruxelas
O cancioneiro de José Afonso deixa transparecer um profundo humanismo que nos faz falta. Faz-nos falta ver “[e]m cada esquina, um amigo” e “[e]m cada rosto, igualdade”. Faz-nos falta desejar que “[e]m terras, em todas as fronteiras, “[s]eja bem-vindo quem vier por bem”. Em tempos em que nos pretendem incutir a desumanização do outro, do que vem de fora, do que é pretensamente diferente de nós, lembremo-nos da mensagem de Zeca.
Luísa, do Porto
Um Farol de Esperança para a Comunidade Portuguesa
É uma alegria imensa ver que, mesmo longe de Portugal, a comunidade portuguesa em Bruxelas continua a manter vivo o espírito de Zeca Afonso. A sua música e mensagem são mais do que arte: são um farol de esperança, de liberdade e de democracia, valores que nunca devemos dar por garantidos.
Há canções que transcendem a sua melodia e letra, porque se entrelaçam com os momentos em que as sentimos. Desde os primeiros passos na consciência política ao som de « Os Vampiros », ao Repúblico irreverente Coimbrão que descobre « Menino d’Oiro » e « Balada de Outono » (que provavelmente já conhecia), até às vozes unidas em « Grândola, Vila Morena » – o hino não oficial da Revolução do 25 de Abril.
E que emoção maior teve a comunidade portuguesa em Bruxelas, neste dia tão simbólico a cantar a « Grândola, Vila Morena” abraçada em plenos ‘Jardins de l’Abbaye de la Cambre’?
Há algo mais belo e verdadeiramente português do que celebrar este tipo de participação cívica, mesmo no estrangeiro?
Guilherme, de Castelo Branco, a viver em Bruxelas
Passei algum tempo a pensar no que dizer, mais a ouvir Zeca, e realmente não sei resumir em poucas palavras. No entanto, hoje deparei me com esta notícia.
Não sei se ainda vou a tempo, mas este cabeçalho para mim ainda é uma boa representação do que o Zeca ainda representa. Além de a música por si só ser bem boa. Eu não sei se o Zeca gostava de futebol mas acho que o consigo imaginar a sorrir a ler isto.
David, do Porto
“Eles comem tudo e não deixam nada”
Oiço o velho gira-discos cantar a 33 rpm enquanto aspiro a carpete verde da sala. Nem o barulho ensurdecedor de um aspirador dos anos 90 pode calar o som da liberdade.
Na minha família todos os bebés são adormecidos ao som da Canção de embalar. Talvez por isso ouvir as suas músicas me provoque uma espécie de sinestesia:
Oiço Zeca
e sabe-me ao fogão a lenha da avó.
Oiço Zeca
e cheira-me a flores do campo.
Oiço Zeca
e estou de novo no banco de trás do carro a cantar com o pai.
Oiço Zeca
e corre o Mondego dentro de mim.
Oiço-o
fecho os olhos e contraio a boca num sorriso.
As músicas do Zeca servem para nos acordar
tanto quanto para nos embalar.
Ana, de Vila do Conde
Nunca mais te hás-de calar
Ó Zeca, para nós
Canta sempre sem parar
Que é seiva e flor a tua voz
(Carta a José Afonso, José Mário Branco)
João,de Gaia, a viver em Bruxelas